Uns falam que o calote é a saída, outros acham que a saída é o aeroporto, e assim foram as manchetes dos jornais europeus com relação a Portugal, país da peninsula Ibérica, membro dos PIIGGS, que vive uma crise sem precedentes.
Greves se espalham e o país mergulha no conjunto de medidas radicais para sobreviver (corte de salários e de benefícios e aumento de impostos), que foram adotadas para tirar o país da crise.
Todo dia tem uma paralisação: de trem, metrô, ônibus, serviço público... a paciência das pessoas parece estar no fim. Para agravar, sobram incertezas.
Todo dia tem uma paralisação: de trem, metrô, ônibus, serviço público... a paciência das pessoas parece estar no fim. Para agravar, sobram incertezas.
Ninguém sabe o que vai acontecer, alguns acham que vai ficar pior. O governo fala em recessão para este ano e também para 2012. Se tiver ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional), segundo os portugueses, serão anos de sofrimento. A ajuda do FMI, e também do Banco Central Europeu, é dada como certa.
Portugal não tem caixa para saldar suas dívidas crescentes, e o mercado exige juros cada vez mais altos para emprestar ao país.
Segundo depoimento de um estudante de economia, que como muitos jovens portugueses, acham que a saída está no aeroporto."O futuro aqui é sombrio".
A taxa de desemprego para pessoas com menos de 25 anos é de 21,3% em Portugal. Menos que na Espanha (43,5%), mas mais que na Alemanha (13,4%) ou na Holanda (7,4%).
A crise econômica acabou por gerar uma crise política. No dia 23, o primeiro-ministro José Sócrates renunciou após o Parlamento rejeitar seu quarto pacote de cortes.
As eleições foram marcadas para 5 de junho. Até lá, vigora o que os portugueses chamam de "governo de gestão". Sócrates fica no cargo, mas não tem poder.
Já estão até falando que algumas pessoas vão começar a tomar atitudes extremas. Os salários caem, as preços aumentam. Não haverá dinheiro para a comida. Vai começar a ter assaltos.(conhecem algum país assim?).A criminalidade piorou. "Há as ondas dos africanos" -portugueses chamam arrastões de ondas.
A crise não é muito aparente nas ruas. Há pedintes, mas bem menos que em São Paulo. A maioria é imigrante.
Quem foi para Portugal a pouco tempo(Prof. Sergio), têm a impressão que ninguém compra. Há muita liquidação e algumas lojas anunciam descontos porque vão fechar. Mesmo assim, não se veem sacolas cheias.
Segue abaixo a opinião de um colunista da Folha de São Paulo em Lisboa com relação a crise que se abateu sobre Portugal:
Portugal não tem caixa para saldar suas dívidas crescentes, e o mercado exige juros cada vez mais altos para emprestar ao país.
Segundo depoimento de um estudante de economia, que como muitos jovens portugueses, acham que a saída está no aeroporto."O futuro aqui é sombrio".
A taxa de desemprego para pessoas com menos de 25 anos é de 21,3% em Portugal. Menos que na Espanha (43,5%), mas mais que na Alemanha (13,4%) ou na Holanda (7,4%).
A crise econômica acabou por gerar uma crise política. No dia 23, o primeiro-ministro José Sócrates renunciou após o Parlamento rejeitar seu quarto pacote de cortes.
As eleições foram marcadas para 5 de junho. Até lá, vigora o que os portugueses chamam de "governo de gestão". Sócrates fica no cargo, mas não tem poder.
Já estão até falando que algumas pessoas vão começar a tomar atitudes extremas. Os salários caem, as preços aumentam. Não haverá dinheiro para a comida. Vai começar a ter assaltos.(conhecem algum país assim?).A criminalidade piorou. "Há as ondas dos africanos" -portugueses chamam arrastões de ondas.
A crise não é muito aparente nas ruas. Há pedintes, mas bem menos que em São Paulo. A maioria é imigrante.
Quem foi para Portugal a pouco tempo(Prof. Sergio), têm a impressão que ninguém compra. Há muita liquidação e algumas lojas anunciam descontos porque vão fechar. Mesmo assim, não se veem sacolas cheias.
Segue abaixo a opinião de um colunista da Folha de São Paulo em Lisboa com relação a crise que se abateu sobre Portugal:
Sem governo e sem dinheiro, a festa acabou no país que vive das aparênciasJOÃO PEREIRA COUTINHO
COLUNISTA DA FOLHA, EM LISBOA
Portugal está sem dinheiro. E, pensando bem, sem governo. Mas, nas ruas e nos jornais, a preocupação é a mesma: o país tem um problema de "imagem".
Desconfio que, para a vaidade dos nativos, a "má imagem" é mais importante do que a má realidade, um raciocínio que se entende: nos últimos anos, o país viveu para as aparências.
Não apenas em obras faraônicas e ruinosas de diferentes governos, que se endividaram loucamente para oferecer ao mundo exposições universais e luxuosos estádios de futebol; mas também entre particulares, para os quais o acesso ao crédito barato, só possível pelo euro, não era apenas uma possibilidade de vida para ser usada com parcimônia. Era uma obrigação patriótica.
A festa acabou: com uma economia moribunda, uma dívida pública sem paralelo nos últimos 160 anos e a maior taxa de desemprego de sempre, os mercados financeiros deixaram de emprestar dinheiro ao país a juros razoáveis; neste momento, praticam extorsão pura e simples, em parte também por não acreditarem mais na capacidade do governo para corrigir as contas públicas.
Nenhum espanto: em 2010, ano em que os países periféricos da zona do euro entraram em grave crise, a obrigação era cortar nos gastos de forma decidida. Todos cortaram, exceto Portugal.
E agora?
Agora, o país vai para eleições a 5 de junho e, nos dois meses que faltam, duas hipóteses que sobram.
Primeira: o demissionário José Sócrates tudo fará para não pedir ajuda externa, nem que para isso Portugal tenha de vender a Torre de Belém.
Um pedido de ajuda seria a definitiva certidão de óbito para o governo, que ainda alimenta esperanças de regressar ao poder.
E aqui está a segunda hipótese: nas pesquisas desde a demissão, o mesmo José Sócrates perde para o Partido Social Democrata de Pedro Passos Coelho, mas não perde de forma humilhante. Pior: muitos apostam que o homem pode virar o jogo.
O meu barbeiro, aliás, vai ainda mais longe. E declara, em tom grave: "Se não fosse o Sócrates, aquela bruxa da Angela Merkel até nos obrigava a falar alemão".
Não são uma gracinha esses lusos?
COLUNISTA DA FOLHA, EM LISBOA
Portugal está sem dinheiro. E, pensando bem, sem governo. Mas, nas ruas e nos jornais, a preocupação é a mesma: o país tem um problema de "imagem".
Desconfio que, para a vaidade dos nativos, a "má imagem" é mais importante do que a má realidade, um raciocínio que se entende: nos últimos anos, o país viveu para as aparências.
Não apenas em obras faraônicas e ruinosas de diferentes governos, que se endividaram loucamente para oferecer ao mundo exposições universais e luxuosos estádios de futebol; mas também entre particulares, para os quais o acesso ao crédito barato, só possível pelo euro, não era apenas uma possibilidade de vida para ser usada com parcimônia. Era uma obrigação patriótica.
A festa acabou: com uma economia moribunda, uma dívida pública sem paralelo nos últimos 160 anos e a maior taxa de desemprego de sempre, os mercados financeiros deixaram de emprestar dinheiro ao país a juros razoáveis; neste momento, praticam extorsão pura e simples, em parte também por não acreditarem mais na capacidade do governo para corrigir as contas públicas.
Nenhum espanto: em 2010, ano em que os países periféricos da zona do euro entraram em grave crise, a obrigação era cortar nos gastos de forma decidida. Todos cortaram, exceto Portugal.
E agora?
Agora, o país vai para eleições a 5 de junho e, nos dois meses que faltam, duas hipóteses que sobram.
Primeira: o demissionário José Sócrates tudo fará para não pedir ajuda externa, nem que para isso Portugal tenha de vender a Torre de Belém.
Um pedido de ajuda seria a definitiva certidão de óbito para o governo, que ainda alimenta esperanças de regressar ao poder.
E aqui está a segunda hipótese: nas pesquisas desde a demissão, o mesmo José Sócrates perde para o Partido Social Democrata de Pedro Passos Coelho, mas não perde de forma humilhante. Pior: muitos apostam que o homem pode virar o jogo.
O meu barbeiro, aliás, vai ainda mais longe. E declara, em tom grave: "Se não fosse o Sócrates, aquela bruxa da Angela Merkel até nos obrigava a falar alemão".
Não são uma gracinha esses lusos?
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