Galera TOTUS, vocês já ouviram falar do termo "D WORD"?
Pois bem, em economês, significa calote.
A Grécia, um ano depois de ter recebido ajuda (110 bilhões, o que está longe de ser pouco dinheiro), continua patinando economicamente e continua pagando juros insuportáveis (23% na quinta-feira, mais que o dobro dos 10,2% que pagava antes de ser socorrida).Quer dizer o seguinte: os europeus deram aos gregos (em condições que não são exatamente de pai para filho) uma pilha de dinheiro para que os mercados estivessem avisados de que havia butim a ser colhido, o que, em tese, deveria levar a que reduzissem os juros.
Mas, tanto quanto o economista-chefe do Deutsche Bank, todos os demais credores sabiam que a Grécia não conseguiria conviver com um programa de austeridade violento, que minava suas já reduzidas chances de crescimento, e, ao mesmo tempo, pagar toda a dívida. Então, cobram antecipadamente a perda que terão com o calote que julgam inevitável.
É um jogo cínico? É. Mas é o preço que os governos -e a sociedade- estão pagando por não terem sabido impor a primazia do político sobre os mercados.
O filósofo húngaro Karl Polanyi (1886/1964) já antevia que essa cessão era a porta de entrada para o fascismo, o que introduz o segundo país a muito provavelmente entrar na fila da "d word", Portugal.
Acontece que, na Finlândia, a extrema-direita fascistóide conseguiu domingo um resultado eleitoral espetacular (19% dos votos), o suficiente para catapultá-la a um governo de coalizão, que é a tradição finlandesa. Acontece também que os "Autênticos Finlandeses", o nome do grupo, são contra a ajuda que a UE está discutindo para Portugal.
Ora, como a ajuda tem de ser aprovada unanimemente pelos países que usam o euro, caso da Finlândia, se ela não sair, Portugal, como a Grécia, ficará quase obrigado a recorrer ao calote.
Daí para o contágio a outras economias, pode ser um passo -um passo que criará tremenda turbulência global, à qual o Brasil não poderá ficar imune.
Mas, tanto quanto o economista-chefe do Deutsche Bank, todos os demais credores sabiam que a Grécia não conseguiria conviver com um programa de austeridade violento, que minava suas já reduzidas chances de crescimento, e, ao mesmo tempo, pagar toda a dívida. Então, cobram antecipadamente a perda que terão com o calote que julgam inevitável.
É um jogo cínico? É. Mas é o preço que os governos -e a sociedade- estão pagando por não terem sabido impor a primazia do político sobre os mercados.
O filósofo húngaro Karl Polanyi (1886/1964) já antevia que essa cessão era a porta de entrada para o fascismo, o que introduz o segundo país a muito provavelmente entrar na fila da "d word", Portugal.
Acontece que, na Finlândia, a extrema-direita fascistóide conseguiu domingo um resultado eleitoral espetacular (19% dos votos), o suficiente para catapultá-la a um governo de coalizão, que é a tradição finlandesa. Acontece também que os "Autênticos Finlandeses", o nome do grupo, são contra a ajuda que a UE está discutindo para Portugal.
Ora, como a ajuda tem de ser aprovada unanimemente pelos países que usam o euro, caso da Finlândia, se ela não sair, Portugal, como a Grécia, ficará quase obrigado a recorrer ao calote.
Daí para o contágio a outras economias, pode ser um passo -um passo que criará tremenda turbulência global, à qual o Brasil não poderá ficar imune.
Hoje já temos um grande canditado dentro dos padrões do D WORD, a fria e comportada Islândia, que virou exemplo de rebeldia na Europa.
O país, que quebrou com a crise de 2008, resolveu lidar com as dificuldades econômicas de uma maneira bastante diferente de Portugal, Grécia ou Irlanda.
Em vez de pedir ajuda para rolar sua dívida e aceitar pacotes de austeridade impostos pelos credores, simplesmente optou, no último dia 9, por um calote bilionário.
Conquistou, assim, a simpatia de políticos europeus que acreditam que os cortes de gastos impostos aos países em apuros só vão piorar as taxas já elevadas de desemprego e comprometer os serviços públicos.
A socióloga portuguesa e deputada do Parlamento Europeu Marisa Matias, por exemplo, disse que "[querem] que famílias paguem por erros de bancos. Os islandeses não entendem assim".
No começo do mês, 60% dos islandeses votaram "não" ao pagamento de US$ 5,3 bilhões (R$ 8,3 bilhões) a Holanda e Reino Unido.
Foi o valor perdido por investidores dos dois países que aplicaram no fundo "Icesave", gerido pelo banco privado islandês Landsbanki.
Os executivos da instituição colocaram o dinheiro dos seus clientes em fundos que se revelaram, durante a crise de 2008, podres.
Os governos do Reino Unido e da Holanda acharam por bem restituir as quantias perdidas aos seus cidadãos e mandaram a conta aos islandeses. Como o país tem apenas 320 mil habitantes, a "dolorosa" ficaria em mais de R$ 25 mil por cabeça.
Os dois países credores vão tentar fazer a Islândia pagar com processos em tribunais europeus.
É difícil prever exatamente quais serão as consequências do calote para a economia islandesa, mas é provável que o país passe a ter grande dificuldade para conseguir crédito.
Além disso, sua entrada na União Europeia deve ser atravancada em represália, limitando acesso a mercados.
Em 2002, a Argentina deu um calote na sua dívida externa e conseguiu reestruturá-la.
O país, que quebrou com a crise de 2008, resolveu lidar com as dificuldades econômicas de uma maneira bastante diferente de Portugal, Grécia ou Irlanda.
Em vez de pedir ajuda para rolar sua dívida e aceitar pacotes de austeridade impostos pelos credores, simplesmente optou, no último dia 9, por um calote bilionário.
Conquistou, assim, a simpatia de políticos europeus que acreditam que os cortes de gastos impostos aos países em apuros só vão piorar as taxas já elevadas de desemprego e comprometer os serviços públicos.
A socióloga portuguesa e deputada do Parlamento Europeu Marisa Matias, por exemplo, disse que "[querem] que famílias paguem por erros de bancos. Os islandeses não entendem assim".
No começo do mês, 60% dos islandeses votaram "não" ao pagamento de US$ 5,3 bilhões (R$ 8,3 bilhões) a Holanda e Reino Unido.
Foi o valor perdido por investidores dos dois países que aplicaram no fundo "Icesave", gerido pelo banco privado islandês Landsbanki.
Os executivos da instituição colocaram o dinheiro dos seus clientes em fundos que se revelaram, durante a crise de 2008, podres.
Os governos do Reino Unido e da Holanda acharam por bem restituir as quantias perdidas aos seus cidadãos e mandaram a conta aos islandeses. Como o país tem apenas 320 mil habitantes, a "dolorosa" ficaria em mais de R$ 25 mil por cabeça.
Os dois países credores vão tentar fazer a Islândia pagar com processos em tribunais europeus.
É difícil prever exatamente quais serão as consequências do calote para a economia islandesa, mas é provável que o país passe a ter grande dificuldade para conseguir crédito.
Além disso, sua entrada na União Europeia deve ser atravancada em represália, limitando acesso a mercados.
Em 2002, a Argentina deu um calote na sua dívida externa e conseguiu reestruturá-la.
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